Beltrão Coelho: 70 anos de história

Janeiro 24, 2018 | 70 anos Beltão Coelho

Como tudo começou...

Em meados dos anos 40, José Augusto Beltrão Coelho trabalhava como funcionário dos serviços gerais na Embaixada da Suécia. Um acaso – uma viagem de oferta à Suiça, com possibilidade de frequentar um curso de fotografia na Telko, então uma das maiores empresas mundiais de papel e filtros fotográficos – sugeriu-lhe a oportunidade de iniciar uma atividade comercial paralela ao emprego oficial. Assim, em 1948, nascia em Lisboa, sediada na própria casa do novo empresário, a J. Beltrão Coelho, com mandato para a representação em Portugal do papel Telko e dos filtros Omag, igualmente suíços.

Três anos passados e garantido o sucesso de arranque da empresa – estamos portanto em 1951 –, J. A. Beltrão Coelho abandona a sua atividade na Embaixada e passa a dedicar-se exclusivamente ao negócio da fotografia. Ao longo dos anos, os resultados comprovaram o acerto da opção. Com efeito, como o fundador recordou há tempos numa entrevista concedida ao Jornal Diário de Notícias: «dos 600 contos de vendas no ano inicial, a firma passou para dez mil contos logo em 1958; em 1974 estava na casa dos 70 mil e em 1979 já ultrapassava os 230 mil».

1948 - Escritórios no Largo do Carmo

«Comecei por representar apenas o papel fotográfico Telko e os filtros Omag, também de origem suíça, mas já tinha desenvolvido alguns esforços para obter outras representações», contou J. A. Beltrão Coelho na mesma entrevista, explicando que, na altura, os principais concorrentes eram a Garcez, Lda e a Agfa, empresas que já estavam há vários anos no mercado do papel fotográfico, que nunca tiveram falta de material durante a guerra. A habituação ou fidelidade dos profissionais ao papel comercializado por estas duas empresas foram um dos grandes obstáculos com que se deparou no início da sua atividade.

«O primeiro cliente que tive foi a Instanta que ainda hoje é uma grande referência no mercado nacional. O primeiro empregado que entrou para a empresa foi João Ferreira de Matos, que começou a trabalhar na empresa apenas com 15 anos e aí se manteve durante 25 anos. Atualmente, sei que é um empresário de sucesso», disse o fundador.

Tornemos aos passos da história. Ainda sem local próprio, a empresa instala-se primeiro no Largo de Carmo, sendo J. A. Beltrão Coelho ainda o seu único funcionário. A partir de 1954, passou a ter instalações próprias na Rua dos Fanqueiros. Dois anos mais tarde, já com os escritórios na Rua Nova do Almada, passou a ser uma sociedade de responsabilidade limitada – Beltrão Coelho, Lda –, cujos sócios principais eram o próprio e a sua mulher. Em 1965, a sede é transferida para a Rua Castilho.

Com o intuito de arranjar diferentes representações internacionais para a empresa, J. A. Beltrão Coelho desloca-se pela primeira vez, em 1951, à Feira Internacional de Fotografia Photokina, o que passaria a ser uma visita constante todos os anos, obtendo sempre novas representações. Dos primeiros contactos efetuados, passou a representar as máquinas fotográficas Franka, os tripés Susis e os acessórios Rowi.

Em 1954, começa a importar material fotográfico do Japão, tendo sido por isso a primeira empresa portuguesa a operar neste segmento. Consegue, então, três das representações de maior nome no mercado fotográfico: as máquinas Polaroid (1956), Asahi Pentax (1958) e o ViewMaster (1961).

Segundo J. A. Beltrão Coelho, na altura havia no mercado fotográfico uma ideia generalizada de que as máquinas Polaroid não tinham futuro por serem relativamente caras. Mesmo assim, houve uma aposta muito grande por parte da empresa na fotografia instantânea, com demonstrações ao vivo em algumas lojas da Baixa com oferta de fotos ao público, o que levou a uma grande procura deste equipamento.

«Estava assim aberto o mercado amador de fotografia, bastava estender a procura no mercado profissional com a introdução de máquinas para fotografia de identidade, o que se revelou muito proveitosa na altura», salientou.

Diversificação dos produtos

Em 1961, a empresa sentiu pela primeira vez um decréscimo (menos nove mil escudos) no seu volume de vendas, comparativamente aos anos anteriores. Vivia-se então um ambiente de retenção, e J. A. Beltrão Coelho, preocupado com as flutuações do mercado, decidiu diversificar o seu ramo de atividade para outra área. A empresa, que até agora se dedicava exclusivamente ao ramo fotográfico, iniciou como medida de defesa, uma diversificação de atividades e passou a incorporar também equipamentos para fotocópias. A Beltrão Coelho, Lda. passou então a representar a marca Nashua com equipamentos de cópia e papel eletroestático (sendo que nesta época a Nashua era parceira da Savin e da Ricoh neste ramo de negócio).

Até 1975, este setor preencheu apenas cerca de dez por cento da atividade da empresa. Em breve, as medidas de austeridade abateram-se sobre as importações dos produtos fotográficos, a ponto de se tornarem um verdadeiro pesadelo para os importadores. E isto não tanto pela austeridade em si – que todos aceitaram como necessária –, mas antes pela forma indiscriminada como ela foi imposta e que veio transformar a fotografia num luxo. Com a diversificação do ramo de atividade, a Beltrão Coelho Lda., foi das primeiras empresas nacionais a vender microfilme, projetores de slides, calculadoras, etc.

«Nunca enveredei pela concorrência de preços, não por temer a luta, mas por achar que se despendia nisso demasiado tempo e dinheiro. Era mais enriquecedor gastar esse tempo na procura de equipamentos cada vez mais modernos que prestassem novos serviços e que permitissem uma maior rentabilidade às empresas clientes» explica J. A. Beltrão Coelho.

Preocupou-se principalmente com as regalias a atribuir aos seus funcionários, tendo sido o primeiro patrão de uma empresa portuguesa a dar a tarde de sábado aos seus empregados e, mais tarde, o dia completo. Além disso, sempre cultivou o bom ambiente de trabalho, dentro e fora da empresa, através da organização de festas de aniversário, jantares de Natal, jogos de futebol, etc.

A passagem de Testemunho

A diversificação da atividade iniciada em 1961, alargada a partir de 1975, permitiu à Beltrão Coelho Lda. manter o seu pioneirismo de mercado e expandir-se noutros segmentos.

Em 1977, António Beltrão Coelho entra na empresa «seguindo as pegadas do pai». J. A. Beltrão Coelho acompanhou a atividade do filho durante oito anos, mas depois acabou por sentir que, sendo a Beltrão Coelho, Lda. uma empresa de cariz familiar, o seu filho estaria perfeitamente à altura para prosseguir com o negócio. Em 1985, sai da empresa, mantendo apenas o seu cargo honorífico.

A segunda Geração

Após ter tomado o cargo de diretor-geral da Beltrão Coelho, o engenheiro António Beltrão Coelho continuou o mote dado pelo seu pai, diversificando cada vez mais o portefólio de produtos da empresa e consolidando a sua posição nos mercados em que operava. Assim, em 1978, a Beltrão Coelho passa a representar a prestigiada marca Casio com a introdução das calculadoras eletrónicas, linha de produtos que marcou toda uma geração de estudantes.

De forma a continuar a dar resposta às necessidades do mercado, em 1985, a Beltrão Coelho cria o DEP, Departamento de Estudos de Modelos e Protótipos. É então lançada a marca própria Magma que inicia o fabrico de retroprojetores e episcópios (na Rua do Salitre, em Lisboa).

Em 1987, com o lançamento da A.B Dick CD-ROM System, a Beltrão Coelho tornou-se na primeira empresa a fornecer equipamentos que permitiam a digitalização da informação analógica para arquivo digital. No ano seguinte, dá mais um passo em direção ao futuro e passa a representar as máquinas de escrever International.

Um novo ciclo

Os anos que se seguem marcam uma revolução ao nível da imagem fotográfica digital. A Beltrão Coelho esteve, mais uma vez, na linha da frente, sendo a pioneira com o lançamento da máquina fotográfica Casio QV-10, considerada a primeira máquina fotográfica com LCD para o grande consumo.

O ano de 1998 foi um importante marco para o país: vivia-se uma atmosfera de estabilidade economico-financeira fundamental ao crescimento próspero das empresas nacionais. Foi também incontornável a Expo 98, evento que projetou a imagem do país além-fronteiras.

Para a Beltrão Coelho, 1998 foi também um ano frutífero. Foram introduzidos os primeiros sistemas de escritório multifuncionais da Nashuatec, os sistemas de contagem de dinheiro da Laurel e a marca própria de computadores de secretária BlueBird.

A empresa foi igualmente reconhecida pela APCER com o selo de certificação ISO 9002, referente ao Sistema de Qualidade.

No início dos anos 2000, a Beltrão Coelho mantinha a sua estratégia de diversificação do portefólio, e passava a comercializar sistemas de jogo para Casinos, pilhas recarregáveis Uniross e dispensadores e purificadores de água TanaWater. Em 2004, foi responsável pela instalação das primeiras salas TIC do ensino português; mais tarde, em 2008, forneceu também os primeiros quadros interativos das escolas públicas (cerca de 2000 unidades).

Foi por volta desta altura que se começaram a sentir, por toda a Europa, os sinais da grave crise financeira que se avizinhava. Portugal não foi exceção, pelo que todas as empresas portuguesas, incluindo a Beltrão Coelho, sofreram um duro embate.

Face a estas dificuldades, a Beltrão Coelho não desistiu. Graças a uma liderança hábil e ao caráter e resiliência dos seus colaboradores, a Beltrão Coelho perseverou e venceu.

Em 2011, a Beltrão Coelho inicia a parceria e comercialização dos sistemas de escritório Xerox – líder em serviços e tecnologia de gestão documental. No ano seguinte (2012), é certificada com o selo de qualidade referente ao ambiente – ISO 14001.

Pouco depois, em 2015, a Beltrão Coelho é nomeada parceira Platinum da Xerox (sendo a única até à data) e PME Líder 2015, reconhecimento que ganhou também nos anos que se seguiram. Este ano marca também a inauguração da Galeria de Arte da empresa, um projeto de responsabilidade social que manteve até aos dias de hoje.

Em 2016, atestando o sucesso da parceria com a Xerox, a Beltrão Coelho foi nomeada Parceiro do Ano Xerox.

Já em 2017, a Beltrão Coelho é reconhecida pela APEE com um selo de responsabilidade social pelo seu trabalho na Galeria de Arte; é também reconhecida pela Xerox com o certificado de “Melhor Performance 2017”. Termina o ano recebendo mais uma certificação de Qualidade, desta vez referente à Segurança da Informação – a ISO 27001.

A Terceira Geração

No início de Janeiro de 2018, António Beltrão Coelho retira-se da empresa, delegando o cargo à sua filha Ana Cantinho, que a partir dessa altura passou a desempenhar as funções de Diretora-Geral. Contrariando as estatísticas, a Beltrão Coelho conseguiu atravessar várias gerações, encontrando-se agora na 3ª geração.

A passagem do testemunho chegou com a promessa de que se irá manter o dinamismo, progresso e solidez que até data caracterizaram a empresa.

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